Ah, eu lembro da primeira vez que te vi, da forma como me senti. Como me senti bem sem ao menos te conhecer. E durante muito tempo me senti dessa forma, me senti eu mesma. Me senti feliz, como não imaginava ter me sentido antes. Durante quase um ano, disse que você foi meu salvador, e, de certa forma, foi, sim. Mas os tempos mudam e as máscaras caem.
Com o tempo vi quem você era de verdade, e percebi que nem tudo é um mar de rosas. Aquela primeira impressão que eu tive, de que você seria compreensível e realmente me ajudaria, foi por água abaixo quando eu mais precisava de você. Eu passei a ser um nada pra você – isso se eu fui alguma coisa, algum dia –, e isso me devastou. Ouso dizer que era como se você nunca houvesse me salvado à sua maneira, como tinha feito.
E hoje, ah!, hoje posso dizer que tudo que eu não sou pra você, você não é pra mim. Todo aquele amor que eu sentia por você desde o primeiro instante em que te vi, posso dizer que não, ele não simplesmente sumiu, mas se transformou. Hoje não preciso mais de você, não preciso que você me faça rir; não preciso ouvir sua voz pra me sentir bem, e seu cheiro não faz mais minhas pernas tremerem e meu coração palpitar como se quisesse sair pela boca. Hoje não fico mais sem palavras e sem ações ao te ver.
Hoje você não é mais meu salvador. Não. Hoje eu aprendi a salvar a mim mesma, sem a sua ajuda.
Hoje não preciso mais de você pra ser meu herói e eu ser feliz. Hoje eu sou minha própria heroína.